segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Até onde?


Nem Judith Buttler nos mais profundos de seus estudos poderia  lenir  a situação que presenciei no coletivo em mais uma inusitada viagem:
Em frente ao SESC Campestre na Av. Protásio Alves sobem dois  jovens casais, jovens mesmo, nenhum deveria ter chegado a maior idade haja vista as meninas praticamente desprovidas de seios e os meninos com os rostos ainda imberbes.
Os quatro estão vestidos caracteristicamente como a maioria dos jovens do século XXI, ou seja, no estilo Emo/Restart. Um dos meninos carrega um skate; piercings e cabelos coloridos fazem parte de seus visuais.
No primeiro momento, logo que embarcam e passam a roleta, os meninos sentam-se juntos no assento imediatamente atrás das meninas. O casal da ponta oscula-se ignescentemente, a menina do canto está com o semblante sério e completamente inerte.
Logo em seguida trocam de assento e sentam-se bem na minha frente nos assentos que ficam de frente um para o outro , cada casal com seu respectivo  ao lado.
Todos conversam, sorriem, beijam-se, acariciam-se...
Despedida. Os meninos descem.
As meninas que estavam uma de frente pra outra agora sentam-se juntas.
Até ai, tudo bem!
Uma delas tira uma carteira de cigarros da bolsa, conta os cigarros e diz algo inaldível, a outra pega a carteira e a põe na bolsa.
Até ai, tudo bem!
As meninas dão-se as mãos e sorriem.
Até ai, tudo bem!
Trocam carinhos e visivelmente aquele afeto é recíproco; um rápido beijinho de esquimó...
Até ai, tudo bem!
Até ai!
As meninas beijam-se calorosamente sem o menor pudor e/ou constrangimento; na minha opinião não deveriam ter mesmo: amar é livre!
Embora a situação me tenha posto pasmo, numa fermata de meus devaneios que ao som de meu MP3 coincidentemente tocava Ana Carolina, fenece ali minha ignorância da etognosia.
Essas, digamos, híbridas meninas, vem tirar-me do marasmo que a faina diária me oferece como todos os fatos escabrosos, ou não, que cerceiam meu dia dia.


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