Amizades e afinidades se revelam em gestos simples, singelos e para muitos irrelevantes...
Conheci Andréia após achar próximo ao assento que a mesma se encontrava a capa de um livro de Morris West, guardei a mesma pra entregar-lhe assim que a visse novamente, pois eu, um aficionado e doente por livros não podia admitir nem acreditar que ela a havia descartado, pelo menos não daquela forma... E eu tinha razão! Ao vê-la no outro dia entreguei-lhe a capa e discorremos frivolidades numa conversa simpática na qual descobrimos essas afinidades por leitura e músicas, rimos ao nos descobrirmos tão “loucos” pela leitura que temos em comum o fato de lermos até bula de remédio em sua integra, falamos ainda sobre títulos de livros que ambos gostamos e recomendaríamos e não foi surpresa ao descobrir que lemos quase todos os mesmos livros, ou seja, compartilhávamos o mesmo estilo, ou seja, com perdão da redundância, TODOS!
Fato engraçado ainda; ela me cobrar que por várias vezes eu a “impedi” de ler no ônibus pois eu mantenho a lâmpada que fica logo acima da roleta apagada quando não há necessidade de uso, porém meu único intuito é facilitar a visibilidade do motorista devido ao reflexo que esta faz no para brisa dianteiro. Fato explicado! Fato perdoado!
Andréia conta que certa feita riu muito no coletivo:
[ Quando um senhor foi passar a roleta com seu cartão de isenção e eu, um tanto quanto desatento, acionei o botão de liberação de pagantes erroneamente, dai solicitei ao senhor que passasse e que deixasse seu cartão comigo para que, assim que entrasse um pagante eu reverteria a situação e não perderia aquele passe, situação essa não admitida, porém como bom brasileiro tudo se conversa... Pelo menos era essa a ideia! Mas o senhor empacou na roleta e fala algo completamente inaudível, e eu normalmente como qualquer ser humano, soltei a famosa interjeição : “_Hã?!”
No que ele responde de semblante sério e nada amigável:
“_Porque que todo surdo é vesgo?”
Não sabia se ele estava brincando ou não pois seu rosto não demonstrava a menor simpatia...
Salvo então por um pagante que sobe, devolvo-lhe o cartão, agradeço e ele diz:
“_Era pra isso que tu queria? E porque não fez antes?”
Tentei explicar, inutilmente, pois ele já estava em direção a porta traseira e nem ai mais pro assunto.]
Passamos por várias situações desta natureza, o mais importante é “arrecadar” esses amigos que a vida nos oferece no nosso dia-dia...